Maíra Garrido Maíra Garrido

Calma (Leia na Placa)

Leia na placa
Não pode sonhar
Tem que se acostumar
Saber se adaptar
Leia na placa
Que eu acabei de inventar
Que pra perseverar
Vai ter que entubar

Eu to me sentindo cansada
Eu não aguento mais
Minha garganta engasgada
Só quer pedir paz
Há tantos meses trancada
Buscando sinais
De que as minhas preocupações
São normais
Se morre gente, não importa
Porra, muito legais!
E o pior é que os descasos
São governamentais
Os meus piores pesadelos
Se tornaram reais
Minha vontade é explodir
Talvez eu seja capaz

Calma,
Calma na alma
Não me serve mais
O meu silêncio é conivente com os seu ideais
Calma,
Por que pede calma?
Não lê os jornais?
Por causa da tua calma, morre gente demais.

Pra lá
De 130 mil cairão à direita
Pra cá, discurso de imbecil que receita
Veneno que sobrou eles vendem
Culpando a serpente, enquanto mente pelos dentes
E o riso amarelo corre solto
Como os ditos boatos que declaram mais um morto
São fatos
Que tentam vendar
Como fizeram com metade do país que agora ensaia acordar
Os sinais, já vimos
Nosso cais, poluímos
Esse drama assistimos
Esse caos que suprimimos (queima)
Como pantanais que extinguimos (queima)
Como ontem foi com a Amazônia (queima)
Como devia ser com a Babilônia (queima)
Então queima como o Palácio do Planalto poderia
Queima queima queima, estanca logo essa sangria
Porque o castelo construído pra gringo é de Jacarandá
Mas vamos protegendo essa terra tipo boitatá
Pra quem só vê lucro, a nossa alma mais valia
Então leia nessa placa que custou mais uma vida

Leia na placa
Não pode falar
Vamos te doutrinar
Não precisa pensar
Leia na placa
Vamos te censurar
Só queremos te usar
Depois te silenciar

Calma,
Calma na alma
Não me serve mais
O meu silêncio é conivente com os seu ideais
Calma,
Por que pede calma?
Não lê os jornais?
Por causa da tua calma, morre gente demais